Desde o começo desta offseason – e cada vez mais a medida que a temporada 2017 se aproxima –, algo está claro: o Tennessee Titans é um dos times mais interessantes da atualidade. Aquela franquia que esteve “no fundo do poço” em 2014 e que por alguns anos consecutivos ficou sem saber o que era uma temporada vitoriosa, ao que tudo indica, está diferente.
Recrutamentos bem feitos, contratações pontuais e um trabalho interno da franquia talvez tenham colocado os Titans em um caminho que eles não atravessavam há anos. E tudo parece ter acontecido “de uma receita de bolo”: a defesa manteve uma base experiente e foi atrás de nomes talentosos quando possível, e o ataque foi ganhando corpo ao longo dos anos, mesclando experiência e juventude (com nomes promissores, é claro), até encontrar seu apogeu em Marcus Mariota, que realmente aparenta ser o líder ideal para Tennessee.
Mas tudo isso ainda está no papel. De fato, vimos na temporada passada uma amostra do que esse Titans é capaz de fazer. Agora, além de duas escolhas de primeira rodada de Draft, a equipe fez contratações interessantes dos dois lados da bola e, acredite ou não, tem sim um dos elencos mais explosivos da NFL. Enquanto tirar qualquer conclusão em termos da liga como um todo pode ser precoce, tenho certeza que, pelo menos na teoria, o Tennessee Titans é o time a ser batido na AFC Sul.
Mas o que este Titans tem de especial?
Se você fosse um head coach e algum general manager entrasse em contato com você propondo um cargo no time dele e dissesse que tem o seguinte elenco em mãos: um quarterback escolhido como segunda escolha geral e que talvez seja o melhor de sua posição na NFL abaixo dos 25 anos; dois running backs que mesclam perfeitamente experiência e juventude, sendo que um já foi o Jogador Ofensivo do Ano uma vez e o outro, que está apenas em seu segundo ano profissional, venceu o Heisman enquanto no college football.
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A sua linha ofensiva é extremamente versátil e conta especialmente com duas escolhas de primeira rodada, sendo um deles talvez um dos dois melhores de sua posição na atualidade. Seu grupo de recebedores, que era o ponto mais questionável no ano passado, simplesmente agora conta, entre os titulares, com o quinto escolhido geral do último Draft, com aquele que liderou a Conferência Americano em touchdowns no ano de 2012, e com um dos melhores tight ends do planeta.
Do outro lado da bola, a sua defesa teria três escolhas de primeira rodada, um cornerback que liderou uma franquia em tackles em 2016, e uma mescla de jogadores que foram desacreditados em outros momentos, mas que agora têm superado às expectativas. O que você faria?
De uma maneira geral, tanto ofensiva quanto defensivamente, Tennessee impressiona. Claro que o ponto forte da equipe se encontra no ataque, o qual conta com Marcus Mariota, DeMarco Murray, Eric Decker, Derrick Henry, Corey Davis, Taylor Lewan, Jack Conklin, Delaine Walker… Em outras palavras, você tem um quarterback extremamente perigoso under center, um dos running backs mais inteligentes da liga no backfield e duas grandes ameaças às beiras da end zone. Isso para não falar em dois ofensive linemen nível Pro Bowl tranquilamente, e na conversa para All-Pro.
Entre ataque e defesa, os Titans apresentam sim um desequilíbrio, teoricamente falando. Entretanto, se olharmos bem, estou falando de um sistema defensivo que teve dois jogadores com pelo menos nove sacks na temporada passada em Derrick Morgan e Brian Orakpo. Logan Ryan, recém-contratado, liderou os Patriots em tackles em 2016, Jonathan Cyprien ainda tem que provar seu talento no profissional (33ª escolha geral de 2013), Adoree’ Jackson já pode ser considerado um dos cornerbacks mais versáteis da National Football League. A defesa do Tennessee Titans pode até não ser uma dos sonhos no papel. Contudo, ao mesmo tempo, pelo que temos visto de seus jogadores recentemente, por que não colocar esse grupo entre os mais subestimados do futebol americano?
Como está a AFC Sul neste momento
Antes de argumentar porquê os Titans são os favoritos da AFC Sul nesta temporada, é preciso ressaltar que essa divisão, finalmente, está entre as mais interessantes da liga, você goste dela ou não. O Jacksonville Jaguars, há pelo menos duas temporadas, tem sido um dos times que mais se reforçou; o Houston Texans, por sua vez, tem uma defesa dígna de Super Bowl; e o Indianapolis Colts, pelo fator Andrew Luck, é sempre uma ameaça neste grupo. E é justamente o fator quarterback que coloca Tennessee ligeiramente a frente dos seus três rivais.
Os Jaguars amargam uma incerteza em Blake Bortles, e não sabem se encontraram seu franchise quarterback ainda. Já os Texans, têm a certeza disso. Esses dois times até tem bons elencos (principalmente no caso de Houston), porém sem um QB competitivo – algo que neste momento JAX e HOU não têm – é difícil vencer no futebol americano. Os Colts até têm um grande nome na posição de quarterback, entretanto, o restante do elenco se mostrou muito bagunçado na temporada passada. A secundária e a linha ofensiva de Indy decepcionaram, e esses são aspectos que fazem total diferença dentro dos confrontos. Chris Ballard, novo GM da franquia, até fez ótimas aquisições na free agency e no Draft, porém ainda precisamos ter calma com esses reforços pois não vimos nada deles. Tennessee, vale ressaltar, também está rodeado de apostas para 2017; contudo, o respaldo da temporada passada para os Titans foi mais positivo do que para os Colts.
Combine tudo isso ao fato de Marcus Mariota viver um momento relativamente melhor do que Andrew Luck (que sofreu muito com lesões) e que as contratações de Tennessee são mais certas (ou menos incertas) do que a de Indianapolis, e encontre seu favorito – talvez o menos favorito entre todas as outras divisões da liga, diga-se de passagem – para a AFC Sul.
Os Titans tentarão algo que não acontece há quase uma década
A última vez que o Tennessee Titans venceu a AFC Sul foi em 2008. Antes disso, em 2003, os torcedores do time viram o último triunfo em pós-temporada. É isso mesmo, já tem um bom tempo desde que Kerry Collins, Jeff Fisher e companhia conseguiram vencer 13 partidas e desbancar os Colts de Peyton Manning…
Os tempos para o Tennessee Titans são outros, e acredito que seja válido dizer que há muitos (!) anos os torcedores da franquia não ficavam tão eufóricos. Isso porque o projeto dos Titans não é a curto prazo. O que está em torno deste time é realmente promissor; afinal, é raro vermos um elenco que tenha um quarterback, um bloqueador (neste caso são dois) e um wide receiver escolhidos em primeiras rodadas, lembrando ainda que o running back (Derrick Henry) veio em uma segunda rodada após ter vencido o Troféu Heisman. É muito talento reunido.
Verdade seja dita, os Titans ainda têm que corrigir diversos problemas, especialmente defensivos, os quais possam ser exatamente o maior motivo que separa a equipe de competir contra as maiores potências da liga na atualidade. Mas o planejamento está traçado, e é difícil imaginar uma maneira melhor para ele ter acontecido. Tudo ainda está apenas no papel e este Tennessee Titans ainda vive de especulações. Mas nós não perdemos por esperar: em alguns meses, esse grupo poderá provar que toda a empolgação dos seus torcedores tem fundamento – talvez até mais do que eles mesmo pensam.
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