Estamos a algumas horas do Super Bowl LIII. Imagino, portanto, que a ansiedade seja enorme, em especial no caso dos torcedores de Los Angeles Rams e New England Patriots. É normal que isso aconteça. Afinal, este é o evento que todas as franquias almejavam em setembro, quando a temporada começou.
A primeira análise sobre o SB LIII já foi feita, e agora é hora de comparar os setores das equipes envolvidas. Quem leva a melhor neste caso?
Quarterback
Los Angeles Rams: Jared Goff
New England Patriots: Tom Brady
Assim como comecei o “Tira-teima” do Super Bowl LII, começo este: não existe muita discussão por aqui. Brady disputará o nono Super Bowl de sua carreira. Goff, por sua vez, está completando sua terceira temporada na NFL. Sim, o futuro do camisa #16 dos Rams é promissor, porém incomparável ao do camisa #12 dos Patriots neste momento. Desde 2017, Tom e Jared totalizam 61 e 60 passes para touchdown, respectivamente.
Vantagem: Patriots
Running backs
Los Angeles Rams: Todd Gurley e C. J. Anderson
New England Patriots: Sony Michel e James White (e Rex Burkhead)
Em termos de profundidade, o New England Patriots está a frente do Los Angeles Rams entre os running backs. Além disso, pelo que foi visto nos playoffs até agora, a produtividade dos corredores de New England também é superior. Os Pats têm corrido bem com a bola e os passes curtos de Brady estão funcionando.
Todavia, nenhum dos corredores do Super Bowl LIII está no mesmo patamar de Todd Gurley. De fato, Gurley não está ótimo fisicamente, o que vem limitando sua participação nas últimas semanas. Mas é esperado que o camisa #30 esteja 100% para a decisão. Lembre-se: nos dois últimos anos, Gurley obteve 40 TDs totais. Ademais, Anderson tem sido uma grata surpresa para Los Angeles.
Vantagem: Rams
Wide receivers
Los Angeles Rams: Brandin Cooks, Robert Woods, Josh Reynolds, Jojo Natson e KhaDarel
New England Patriots: Julian Edelman, Chris Hogan, Phillip Dorsett, Cordarrelle Patterson e Matthew Slater
Dentre todos os wide receivers aqui presentes, Edelman é o nº 1. Vimos na final da AFC parte do que o camisa #11 é capaz de fazer: decisivo, confiável, ótimas rotas e esforço absurdo. Não por acaso, Edelman é um dos alvos de confiança de Brady. No entanto, tratando-se do grupo de WRs como um todo, Los Angeles tem a vantagem.
Por exemplo, Edelman foi o principal recebedor dos Patriots durante a temporada regular, com 850 e seis touchdowns. Lembrando que ele ficou fora dos quatro primeiros jogos do campeonato. O segundo recebedor mais produtivo em New England foi James White, o running back. A forma como o sistema ofensivo dos Pats funciona tende a diminuir a produção dos wide receivers do elenco de um modo geral.
Os Rams, por outro lado, viram dois WRs com 1.000/+ jardas recebidas: Woods e Cooks. Ainda, Reynolds, o terceiro wide receiver de Los Angeles desde que Cooper Kupp se lesionou, totalizou 402 jardas e cinco TDs. Uma produção interessante para quem foi titular em oito partidas.
Colocando apenas os wide receivers em pauta, os Rams têm mais nomes capazes de mudar o embate do que os Patriots.
Vantagem: Rams
Tight ends
Los Angeles Rams: Tyler Higbee e Gerald Everett
New England Patriots: Rob Gronkowski e Dwayne Allen
A dupla de tight ends do New England Patriots para o Super Bowl LIII é a mesma que disputou a decisão contra os Eagles na temporada passada. E, por mais que os TEs dos Patriots não tenham produzido como em outros anos, eles ainda estão à frente.
Aqui, estamos falando de Rob Gronkowski, um dos melhores de todos os tempos na posição. Em um 2018 “ruim”, Gronk teve 47 recepções, 682 jardas e três touchdowns. Ademais, Allen também já teve lampejos na NFL, apesar de um campeonato muito abaixo da média em termos de produção neste ano.
Em termos de jardas, talento, potencial, impacto e produção, New England tem a vantagem sobre Los Angeles. Ter alguém com o impacto de Gronkowski no sistema ofensivo conta muito. Ainda mais naquele que pode ser o último jogo profissional do camisa #87.
Vantagem: Patriots
Linha ofensiva
*os cinco jogadores que serão titulares no primeiro snap do Super Bowl LIII (em ordem: LT, LG, C, RG, RT)
Los Angeles Rams: Andrew Whitworth, Rodger Saffold, John Sullivan, Austin Blythe e Rob Havenstein
New England Patriots: Trent Brown, Joe Thuney, David Andrews, Shaquille Mason e Marcus Cannon
Pelo que vimos durante a temporada regular, esta comparação seria uma das mais equilibradas pré-Super Bowl LIII. Contudo, os playoffs definiram um vencedor claro. Verdade seja dita, ambas as linhas ofensivas subiram de produção nesta pós-temporada. A questão é que nenhum grupo de bloqueadores vem jogando tão bem quanto o dos Patriots.
Vimos o estrago que os passes corridos de New England fez contra Chargers e Chiefs até agora. O jogo terrestre, idem. Sony Michel lidera a NFL em jardas corridas neste mês de janeiro, por exemplo. Por fim – e ainda mais importante -, Tom Brady ainda não sofreu nenhum sack no mata-mata, em 90 tentativas de lançamento.
Os ajustes feitos por Bill Belichick para com seus bloqueadores foram impecáveis e pontuais. Não hesite em afirmar que a linha ofensiva de New England está entre os principais setores da pós-temporada. Se não for o principal deles.
Vantagem: Patriots
Linha defensiva
*apenas os nomes que estão listados na formação do depth chart de cada time (DE, DT, DT e DE/pass rusher)
Los Angeles Rams: Michael Brockers, Ndamukong Suh, Aaron Donald e Dante Fowler Jr..
New England Patriots: Trey Flowers, Lawrence Guy, Malcom Brown e Deatrich Wise Jr..
Enquanto de um lado a linha defensiva dos Patriots está entre os principais defeitos do time como um todo, do outro, o setor é um dos pontos mais fortes dos Rams.
Primeiramente, saiba que a dupla de DTs Donald-Suh é possivelmente a melhor da NFL. Donald, aliás, é o principal defensor da liga – ele totalizou 20,5 sacks nesta temporada. Além disso, Brockers, Suh, Donald e Fowler configuram quatro antigas escolhas de primeira rodada. O talento deste quarteto é indiscutível.
Verdade seja dita, New England com 30 e Los Angeles com 41, as equipes deveriam ter se saído melhor em sacks na temporada 2018. De qualquer maneira, principalmente pelo talento individual, os Rams levam essa com certa facilidade.
Vantagem: Rams
Linebackers
Los Angeles Rams: Samson Ebukam, Cory Littleton e Mark Barron
New England Patriots: Dont’a Hightower, Elandon Roberts e Kyle Van Noy
O grupo de linebackers do Los Angeles Rams é o setor mais limitado da equipe. Não por acaso, a franquia foi apenas a 23ª da liga durante a temporada regular no combate ao jogo corrido. Falta sintonia e profundidade para os LBs dos Rams em muitos momentos, o que faz com que o confronto contra os running backs dos Patriots seja tão desfavorável, teoricamente falando.
Pelo New England Patriots, estamos falando de um setor que também peca em profundidade em determinadas situações. Porém, oferece bom apoio à linha defensiva, tanto no combate ao jogo corrido, quanto em blitz. Vale ressaltar ainda que o fator experiência também está do lado dos Pats neste caso. Este será o terceiro Super Bowl disputado por Hightower, Roberts e Van Noy.
Vantagem: Patriots
Secundária
Los Angeles Rams: John Johnson e Lamarcus Joyner (safeties) / Aqib Talib e Marcus Peters (cornerbacks)
New England Patriots: Patrick Chung e Devin McCourty (safeties) / Jason McCourty e Stephon Gilmore (cornerbacks)
Confesso que esta talvez tenha sido a comparação mais complicada. Primeiramente, pois avaliar a secundária vai muito além dos nomes citados acima. As formações variam constantemente, os confrontos individuais são diferentes em geral e existem duas maneiras importantes de avaliação (cobertura individual e em zona). Além disso, os defensive backs dos Patriots têm jogado em altíssimo nível nas últimas semanas.
Todavia, do outro lado, está um grupo de jogadores consideravelmente talentoso. Talib e Peters lideram uma lista que ainda conta com Sam Shields e Nickell Robey-Coleman, por exemplo. Talib sofreu com lesões neste ano, Peters parece precisar de mais tempo de adaptação em Los Angeles e Robey-Coleman foi mal contra os Saints. Tudo isso é verdade. Bem como a ótima fase dos DBs dos Patriots. Contudo, para o Super Bowl LIII, o talento puro dos atletas precisa ser exaltado – e o LA Rams ganha nisso.
Vantagem: Rams
Times especiais
Los Angeles Rams: Johnny Hekker (punter), Greg Zuerlein (kicker) e JoJo Natson (retornos de kickoff e punt)
New England Patriots: Ryan Allen (punter), Stephen Gostkowski (kicker) e Julian Edelman e Cordarrelle Patterson (retornos de kickoff e punt)
Os Rams não têm uma arma para retornos como os Patriots com Edelman e Patterson. Todavia, Los Angeles tem em seu punter e kicker ameaças reais neste momento. Johnny Hekker teve uma sólida temporada e, pela habilidade de lançar a bola, é uma opção constante para fake punts. Além disso, Greg Zuerlein mostrou a todos que ele ainda é o mesmo na final de conferência, apesar de um ano atrapalhado por lesões. Ele converteu o field goal do embate e posteriormente o da vitória dos Rams diante dos Saints.
Em geral, existe um equilíbrio aqui, visto que Ryan Allen e Stephen Gostkowski também mantiveram suas boas médias dos últimos anos. Porém, como citado na parágrafo acima, vimos mais de Hekker e Zuerlein até agora. O momento pesa positivamente para a dupla de L. A. neste pré-jogo.
Vantagem: Rams
Comissão técnica
Los Angeles Rams: Sean McVay (head coach), Shane Waldron e Aaron Kromer (coordenadores ofensivo) e Wade Phillips (coordenador defensivo)
New England Patriots: Bill Belichick (head coach/coordenador defensivo) e Josh McDaniels (coordenador ofensivo).
Sean McVay mudou a situação do Los Angeles Rams em duas temporadas como treinador do time. Ele já tem sua coaching tree, é um dos gênios de ataque da NFL e é o técnico principal mais jovem da história do Super Bowl. Ainda, Phillips também merece destaque. Ele venceu o Super Bowl 50 comandando a defesa dos Broncos e está entre os principais coordenadores da liga.
Entretanto, na outra sideline, está Bill Belichick e Josh McDaniels. Belichick tem sete Super Bowls conquistados, levando em conta seus trabalhos como treinador e coordenador. Este será o nono Grande Jogo de Belichick como head coach, um recorde para a função. E McDaniels, sempre como coordenador de ataque do New England Patriots, acumula cinco títulos.
Bill Belichick continua o mesmo – e isso dá ampla vantagem aos Patriots quando o assunto é comissão técnica.
Vantagem: Patriots
Conclusão
Neste “Tira-teima”, Los Angeles Rams e New England Patriots ficaram empatados (5-5). Exercícios como esse são interessantes nos angustiantes dias pré-Super Bowl LIII. Mas sabemos que, dentro das quatro linhas, a ação vai além de uma comparação setor por setor. Esteja atento ao confronto entre os corredores dos Patriots contra o front seven dos Rams. Bem como aos encontros da linha defensiva de Los Angeles e linha ofensiva de New England. Lembre-se: futebol americano é um “jogo de xadrez”.
Chama atenção também o que está por trás de Los Angeles e New England. De um lado, uma equipe que busca começar um legado, liderada por nomes promissores. Do outro, um time acostumado a vencer. Que faz parecer fácil o ato de chegar ao Super Bowl. Vale lembrar que, no começo da temporada, Rams e Patriots tinham os melhores odds para chegar ao Grande Jogo. E aqui eles estão.
Resta saber agora se ambos os lados corresponderão às expectativas.