Nunca é fácil para uma equipe (nem para os fãs) lidar com uma perda de um grande jogador. No esporte, essas perdas vêm a ser por aposentadorias em muitos casos. Quem acompanhou de perto a offseason 2016, sabe bem disso. Peyton Manning, Marshawn Lynch, Charles Woodson, Jared Allen, Calvin Johnson… Todos eles – que tanto brilharam quando estiveram em campo – não jogarão mais profissionalmente.
Com certeza torcedores, treinadores, rivais e colegas de time irão sentir muita falta de todos esses jogadores. Todavia, um nome em específico trará algo ainda mais anormal para um de seus companheiros. Estou me referindo à Calvin Johnson e Matthew Stafford. Isso porque Stafford, desde que entrou na liga em 2009, teve em Johnson (selecionado no Draft de 2007) seu melhor companheiro.
Assim sendo, é – pelo menos – intrigante o futuro do Detroit Lions, que não terá mais sua grande dupla. Como o sistema ofensivo da equipe se portará sem sua grande referência a partir de agora? E qual impacto isso terá para Matthew Stafford?
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O time agora pertence a Stafford
Agora sem Calvin Johnson, é válido afirmar que os Lions ficam então com apenas uma estrela, e ela é M. Stafford. Deste modo, o camisa #9 volta a ser o centro das atenções em um time desde os tempos que atuava pela Universidade da Georgia. Detroit ainda tem bons jogadores, como Ezekiel Ansah, Darius Slay, Golden Tate, Glover Quin e DeAndre Levy, por exemplo, mas o verdadeiro líder agora é Matthew Stafford.
E ele terá que saber lidar com todo este processo. Primeiramente, deve ter em mente que agora ele é a referência e o ícone da franquia. Além disso, devemos concordar que o talento de Calvin Johnson podia ser definido como “anula safeties”, uma vez que a secundária adversária se preocupava quase que inteiramente com ele. Para a próxima temporada, então, Stafford não terá mais isso. Seu jogo deve subir de nível a ponto de encontrar novos grandes alvos, e elevar as performances dos seus companheiros de clube. Não será tão fácil: desde quando entrou na liga, Matthew, em jogos ou jogadas que Johnson esteve ausente, completou 57,1% de seus passes, para 2.453 jardas, 18 touchdowns e sete interceptações.
A mudança no corpo de recebedores
Certamente haverá uma enorme mudança para quem for receber passes nos Lions. Veja bem: em 2015, Calvin Johnson foi alvo de 144 passes do time, o que implica que pelos menos 100 lançamentos terão que ser distribuídos para alvos diferentes de agora em diante. Na teoria, a maioria deles deve ser destinado a Golden Tate e Marvin Jones, sendo que o restante deve destacar (e muito) o tight end Eric Ebron. Ebron, a 10ª escolha do Draft de 2014, demonstrou bom potencial em seus dois primeiros anos na NFL e é um dos grandes candidatos a criar os melhores matchups para o sistema ofensivo dos Lions pós-Megatron.
Boatos também nos levam a acreditar que um wide receiver pode vir no próximo Draft. Partindo do pressuposto que Tate e Jones não são dos mais dominantes da liga, tais especulações ganham ainda mais espaço.
Johnson era MESMO muito bom
Os números de Calvin Johnson são espetaculares: em nove temporadas na NFL, ele passou das 1.000 jardas em sete, sendo que em apenas quatro ele atuou em todas as partidas.
Além disso, quebrou o recorde de mais jardas recebidas em uma temporada em 2012 com 1.964 e é o jogador com mais jardas recebidas em média por partida de todos os tempos (entre aqueles que jogaram pelo menos 100 jogos), com 86,1.
No mais, entre 2007 e 2015, Megatron acumulou uma média de 15,9 jardas por recepção, o que o coloca como 7º da liga neste quesito ao longo deste período; mas o que chama atenção aqui é que Johnson teve 731 recepções nesta sequência e, entre os recebedores acima dele, quem mais recebeu passes foi Vincent Jackson, com 495. Bem mais fácil.
Ademais, conta com uma atuação de 329 jardas em 2013 contra os Cowboys, a segunda melhor marca da história da NFL (atrás apenas de Flipper Anderson – 336 – em 1989). Na carreira, acumulou 46 jogos com 100 ou mais jardas, em 135 partidas disputadas, o que significa que ele quebrou esta marca em 34,1% de seus jogos.
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É fato que Calvin Johnson nunca foi um grande vencedor e, verdade seja dita, o elenco dos Lions nunca o ajudou tanto. Por exemplo, ele esteve nos playoffs apenas duas vezes e nunca passou da primeira rodada. Mesmo assim, ele deve ser visto como um ícone àqueles que apreciam um bom futebol americano.
Para quem começou a acompanhar a NFL na última década, Megatron deixará um grande vazio, de alguém que tanto dominou seus marcadores e fez recepções dificílimas parecerem fáceis. Mas não teremos mais o prazer em vê-lo jogar, é vida que segue.
Vida adiante também para o Detroit Lions, que terá que superar todas as incertezas em volta da equipe, continuar um processo de reconstrução e tentar colocar os Lions no caminho das vitórias novamente. Tais metas já não eram simples, e agora, sem uma das maiores referências que o time já teve em sua história, elas se complicam ainda mais e chegam a nos indicar que o futuro pode não ser tão gentil para Detroit.
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