Por algum motivo, no começo desta semana acabei me deparando na tela do computador com a lista de jogadores (por posição) do Draft 2012 da NFL. Como citado, não sei o porquê e nem exatamente como estava ali, com uma aba mostrando informações e escolhidos do draft de seis anos atrás – se você acompanhou todos os textos do Shotgun nesta semana, deve ter visto que não falei nada de Draft, 2012 ou algo do tipo. Decidi fazer disso, então, uma rápida pesquisa, afinal, neste período “sem futebol americano” novas pautas são sempre bem-vindas. O primeiro grupo de recrutados avaliados da classe foi o de QBs. Primeiro e último, pois era preciso escrever sobre algo que estava lá.
Avaliando a posição de quarterback, a medida que os nomes iam passando, um sorriso (acho que irônico) ia surgindo. Como o mundo dá voltas, pessoas se enganam e o esporte é imprevisível, surpreendente e ilógico…
Atenção para os seguintes fatos:
– Ao todo, 11 QBs foram selecionados durante o Draft 2012. São eles: Andrew Luck (1ª escolha geral, dos Colts), Robert Griffin III (2ª, Redskins), Ryan Tannehill (8ª, Dolphins), Brandon Weeden (22ª, Browns), Brock Osweiler (57ª, Broncos), Russell Wilson (75ª, Seahawks), Nick Foles (88ª, Eagles), Kirk Cousins (102ª, Redskins), Ryan Lindley (185ª, Cardinals), B. J. Coleman (243ª, Packers) e Chandler Harnish (253ª, Colts);
– Dos quatro primeiros quarterbacks escolhidos, nenhum (!) entrou em campo na temporada passada, uma vez que dois estavam lesionados (Luck e Tannehill), um foi reserva (Weeden) e o outro era free agent (RGIII);
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– Se acrescentarmos Brock Osweiler (escolha de segunda rodada) à essa lista, a quantidade de partidas que esse grupo de QBs disputou no ano passado sobe um pouco, porém, fica longe de resolver os problemas. Osweiler participou de somente seis jogos em 2017 (quatro como titular), o que nos força a ter que voltar ao ano de 2015 para encontrar a última vez que um desses cinco quarterbacks foi titular em todas as partidas de uma temporada;
– Estatística para se pensar: somando todos os jogos possíveis para esses cinco QBs, eles poderiam ter sido titulares em 480 partidas combinadas desde 2012, todavia, eles só começaram os jogos 237 vezes no total (49,3%). Sim, eu sei que os números podem enganar e, em alguns casos, como o de Osweiler que tinha Peyton Manning como concorrente, por exemplo, esses números podem ser falhos. Contudo, e se eu lhe disser que Luck é o único que tem aproveitamento de vitórias superior a 53% quando foi titular? Em geral, o retrospecto vitórias-derrotas desses jogadores nesse período é 114-123;
– “Mas então, se os primeiros escolhidos decepcionaram, é de se esperar que os demais QBs desta classe também falharam, certo?”, você pode estar se peguntando.
Nada disso, a situação de dois (dos outros seis) é muito boa em termos de momento; estou me referindo a Russell Wilson e Kirk Cousins. Em termos de durabilidade, Wilson foi titular em todos (!) os jogos pelos Seahawks nas últimas seis temporadas, enquanto Cousins, o qual precisou esperar até 2015 para assumir a titularidade, atuou em 48 confrontos (em 48 possíveis) desde então. Na carreira, Russell e Kirk têm campanhas 65-30-1 e 26-30-1, respectivamente;
– “Esse Kirk Cousins, com mais derrotas do que vitórias na carreira, é o mesmo que acabou de receber mais de US$ 80 milhões garantidos dos Vikings?”
O próprio e, se você não entende o porquê disso ainda, tenha em mente os seguintes pontos: 1) como visto, desde que se tornou titular, a presença de Cousins under center sempre foi uma certeza; 2) o camisa #8 é o único desta classe com pelo menos 64% de aproveitamento, 4.000 jardas e 25 TDs nas últimas três temporadas; 3) o time dos Redskins nunca foi ótimo. Ele esteve sólido e competitivo em alguns anos, mas longe de excelente; e 4) ele fez tudo isso apesar de ter sido chamado na quarta rodada da classe;
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– Porém tem um fato (ou talvez fatos) histórico que somente um dos QBs da classe de 2012 conseguiu e, por incrível que pareça, ele foi recrutado abaixo de Luck, RGIII, Tannehill, Weeden, Osweiler e Wilson, e ainda assim acima de Cousins (o mais bem pago dessa turma). Estou falando de Nick Foles, o segundo desses QBs que conquistou um Super Bowl (o outro foi Wilson) e, como se não bastasse, o único a ter sido nomeado o MVP da decisão – e saiba que Foles começou somente 39 jogos de temporada regular na carreira;
– Na história da NFL, apenas oito QBs alcançaram a marca de sete touchdowns em um jogo, que é a maior da liga; um deles se chama Nick Foles.
Um QB prodígio repleto de incertezas. O calouro ofensivo de 2012 pouco tem jogado e agora é reserva de Joe Flacco. O líder em Miami parece estar cada vez mais sozinho por lá. O quarto nome dessa lista você talvez nunca tivesse ouvido falar. O quinto foi de candidato a sucessor de Peyton Manning para a reserva, justamente em Miami. Já o primeiro dos “patinhos feios” desse grupo é quem tem a melhor campanha (e foi escolhido abaixo de um punter). O segundo nesse caso é um predestinado que, mesmo não sendo titular, tem um anel e o recorde mais impressionante de todos eles. E por fim, o antepenúltimo dos QBs selecionados em 2012 acabou de se tornar o segundo jogador mais bem pago da história da NFL.
Uma pergunta: quem será o melhor quarterback da classe de 2018?
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