Não se engane: ter uma carreira de sucesso na NFL, em qualquer uma das dezenas de posições, não é fácil. A lista de Hall of Famers da National Football é enorme, porém saiba que é incontável os nomes que não estão lá. Ser draftado, “sobreviver” aos cortes, manter-se fora das lesões, prosperar contra os melhores…
Acredito que o fato da posição de quarterback ser definida como a mais importante do futebol americano (e uma das mais entre todos os esportes) seja algo indiscutível. E isso é mais um dos vários fatores que justificam porquê se tornar um quarterback da NFL é tão complicado. Podemos dizer que existem mais de um caminho para que isso aconteça, todavia saiba que nenhum deles é tranquilo. Pelo contrário. Desde o momento em que uma franquia da NFL escolhe seu nome entre os quarterbacks da classe, até a hora de sua estreia (e posteriormente a construção de um legado), o trajeto é longo, perigoso e indefinido.
Certamente que os três exemplos mostrados abaixo fogem de parâmetros comparativos, visto que estamos falando de três dos melhores e maiores quarterbacks de todos os tempos. A escolha de tais nomes, tão conceituados, exemplificam os principais casos de QBs que certamente estarão no Hall da Fama mas que começaram suas carreiras profissionais de maneiras distintas. Cada quarterback tem sua história na NFL. Cada um deles começou de um jeito, tornou-se titular de outro e mantiveram-se em alta através de suas peculiaridades. Entretanto, o “fim comum” dos nomes citados a seguir, sabendo seus pontos de partidas, são dignos de relato.
Trajetória, no dicionário, significa “A distância (espaço) que precisa ser percorrida para se chegar a outro lugar, percurso ou trajeto.” No futebol americano, isso seria a distância que precisa ser percorrida para deixar o status de mero prospecto e se tonar um grande quartebrack profissional?
E quais são as diferentes trajetórias para prosperar na NFL?
Sendo um Peyton Manning
A carreira de Peyton Manning talvez seja “a dos sonhos” de qualquer prospecto que cobiça se tornar um grande quarterback na NFL. Desde os tempos de high school, Manning se destacava no esporte que ficou conhecido. Tanto que chegou à Universidade de Tennessee como um dos melhores recrutados da época. No college football, então, correspondeu às expectativas, atingiu o nível mais alto do campeonato, quebrou inúmeros recordes e entrou para o seleto grupo de primeiras escolhas gerais de Draft.
As mais de 7.000 jardas e 56 touchdowns nos dois últimos anos universitários de Manning fizeram o então camisa #16 ir além do jogador mais apreciado do Draft de 1998: Peyton é um dos melhores prospectos de todos os tempos. Se seu talento foi convertido para a NFL nos seus tempos de Indianapolis Colts e Denver Broncos, nós nem precisamos falar muito aqui. Ele foi a base do processo de reconstrução dos Colts, o qual fez o time se tornar um dos mais dominantes da liga durante os anos 2000.
De fenômeno no college football, à primeira escolha geral, a um jogador que se tornou modelo quando o assunto é futebol americano e detentor de dois Super Bowls. A carreira de Peyton Manning pode mesmo ser o sonho de grande parte dos futuros quarterbacks da NFL; entretanto, a história nos mostra que isso é para poucos.
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Sendo um Aaron Rodgers
O Draft de 2005 da NFL não levou grandes quarterbacks à liga. A primeira escolha geral daquele ano foi Alex Smith e nomes como Jason Campbell, Derek Anderson e Matt Cassel aparecem como um dos mais bem sucedidos (ou menos mal sucedidos) da classe. Contudo, um jogador daquele ano se tornou protagonista de uma das histórias mais brilhantes da atualidade.
Em 2005, Aaron Rodgers era um dos quarterbacks mais cotados do Draft, e seu desempenho pelo California Golden Bears em sua última temporada pela universidade fez com que a atenção de muitas equipes se voltassem para ele. Porém, o esquema de Cal e as necessidades dos times da NFL na época fizeram com que Smith fosse o primeiro quarterback selecionado e que Rodgers fosse chamado apenas na 24ª posição, pelo Green Bay Packers.
Ao contrário de Manning, Rodgers não fora draftado para reconstruir um time imediatamente. Os Packers foram atrás do camisa #12 pensando em um projeto a longo prazo, já que Brett Favre ainda era o titular na época. Esse plano colocou Rodgers três temporadas como reserva e aprendiz de Favre. Com isso, aquele calouro que ainda gerava algumas incertezas teve tempo para se adaptar ao nível profissional e corrigir seus erros até estar pronto para quando a era do camisa #4 terminasse em Green Bay – e tudo saiu como esperado.
O legado de Favre se encerrou em Wisconsin, Rodgers assumiu a titularidade após três temporadas como backup, foi nomeado MVP da NFL duas vezes e já venceu um Super Bowl. Não existe maneira melhor para manter seu time em alta do que contar com dois quarterbacks Hall da Fama em sequência.
Sendo um Tom Brady
A trajetória de Tom Brady na National Football League é uma das mais fascinantes da história dos esportes. Imagine você, leitor, selecionado no Draft apenas na 199ª escolha, começando sua carreira profissional como 4º quarterback do elenco e terminando ela como o jogador com mais Super Bowls na história da liga. Se ter a carreira nos padrões de Manning é a “perfeição” para a posição, a de Rodgers é a mais adequada e a de Brady a mais… Improvável. E monumental.
Anualmente, vemos em média pouco mais de 10 quarterbacks selecionados no Draft, sendo que dificilmente mais de quatro desses saem na primeira rodada, que é quando os melhores prospectos são escolhidos, teoricamente falando. Sendo assim, o que deveríamos esperar de Brady?
Tornar-se um quarterback na NFL da forma como Brady se tornou é algo imaginável – e que envolve mais que talento. O destino precisa estar do seu lado. Neste caso, por exemplo, o camisa #12, além de ter recebido um pequeno voto de confiança dos Patriots, viu Bill Belichick fazer questão de mantê-lo no time antes da temporada. Ainda, saiba que Brady viu o titular da equipe Drew Bledsoe se lesionar pouco tempo depois, abrindo espaço para a concorrência. “Coincidentemente”, na primeira temporada de Tom Brady efetivamente como titular, New England conquistou o Super Bowl XXXVI.
Pegue (muito) talento, personalidade, um pouco de sorte e encontre alguém predestinado. Para traçar uma carreira na NFL nos moldes de Brady é preciso perseverança. A ponto de quase começar a carreira de um pequeno comerciante (o camisa #12 pensou quando caia no Draft 2000) e terminá-la como o maior dos quarterbacks que já existiram.
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Do outro lado da moeda, as franquias da NFL esperam geração após geração encontrar um franchise quarterback, sem importar a maneira como esse adentrou no elenco, como os casos mostrados aqui. Diga-se de passagem, encontrar um quarterback não é tão difícil. Encontrar um que seja competitivo já é bem mais complexo. Um Hall of Famer, então, é algo raro.
Qual a forma mais espetacular de se tornar um quarterback na NFL? Mande sua opinião para nós nos comentários ou pelas redes sociais!
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