Uma das principais manchetes da semana 11 da NFL foi a estreia de Lamar Jackson como titular do Baltimore Ravens. Jackson, o qual foi recrutado na primeira rodada do Draft 2018, participou de alguns snaps anteriormente, porém o duelo contra os Bengals foi o primeiro que ele começou.
Lamar Jackson substituiu o lesionado Joe Flacco. Com o calouro, o ataque dos Ravens foi diferente daquele que víamos sob a liderança do veterano. O que é natural pelas diferenças de ambos os quarterbacks essencialmente. Todavia, a primeira impressão do estilo totalmente diferente de Jackson levanta incertezas.
Em geral, a estreia de Lamar Jackson como titular under center foi positiva. Afinal, o novato conseguiu a vitória, a qual encerrou uma sequência de três derrotas seguidas de Baltimore. Além disso, Jackson provou aquilo que desconfiávamos: ele é um quarterback do nível de Michael Vick e Cam Newton correndo com a bola.
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O problema é que Jackson exagerou nas corridas. Tudo bem, foi sua primeira partida oficial na liga. Contudo, em momento algum, vimos um lance em que o camisa #8 demonstrou boa presença de pocket. Um ótimo lançamento? Apenas uma vez, em movimento para o lado direito, numa terceira descida para Mark Andrews. O primeiro capítulo de Lamar pelo Baltimore Ravens foi marcado por corridas, read options, play actions e passes curtos.
Em outras palavras, a estreia de Lamar Jackson se pareceu muito mais com uma partida de college football do que da NFL. O Lamar Jackson que enfrentou os Bengals teve mais daquele que defendeu Louisville do que daquele cotado para ser um franchise quarterback.
Por exemplo, na semana 12 do universitário, Citadel correu 60 vezes contra #1 Alabama. E #24 Cincinnati totalizou 55 tentativas diante de #11 UCF. O Baltimore Ravens obteve 54 corridas contra o Cincinnati Bengals. Dessas, 27 foram de Jackson; dez a mais que qualquer running back do time.
Aliás, as 27 carregadas de Lamar Jackson foram a maior por um QB na NFL desde 1970. Para se ter uma noção, desde 1999 um quarterback não somava mais de 25 corridas em uma partida. Ademais, foi a primeira vez que um quarterback alcançou as 100 jardas terrestres em sua estreia como titular na era Super Bowl; Jackson fechou o confronto com 117.
Por que isso é um problema
Evidentemente, o sistema ofensivo do Baltimore Ravens foi melhor contra os Bengals do que na semana 10. Na derrota para Pittsburgh, o jogo corrido de Baltimore teve 16 corridas para 61 jardas ao todo. Mas vale lembrar também que a defesa de Cincy é um dos piores setores da NFL nesta temporada.
Lamar Jackson ser um quarterback com mais cara de corredor do que passador é um problema pois limita o plano de jogadas. As formações de ataque, idem. Apesar de ser o primeiro jogo como titular, a impressão que ficou contra Cincinnati é que já estava previsível demais ver Jackson sem um running back no backfield; o quarterback iria correr de qualquer forma.
O sucesso terrestre de Lamar é indiscutível. Contudo, tenha em mente que 27 corridas por jogo é um número alto até mesmo para RBs. Não se esqueça do fator lesões no futebol americano!
Vejo que quarterbacks precisam se preocupar primeiramente em passar a bola, mesmo se o pocket estiver sobrecarregado, buscando um segundo a mais de tempo para o lançamento se preciso. Isso se chama ter presença de pocket, um detalhe fundamental para a posição. A opção por correr deve acontecer para prorrogar/improvisar uma jogada. É um recurso que deve ser utilizado em situações específicas ou como alternativa quando o plano de jogo defensivo anula a chamada ofensiva.
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O que vimos em Baltimore nesta semana 11 foi um Lamar Jackson destinado a carregar a bola. Até mesmo nos 19 lançamentos que fez, dos quais 13 foram completados para 150 jardas, muitos foram em movimento. Os que não foram, eram seguidos de play actions e percorreram poucas jardas. O espaço visto na defesa de Cincinnati não é comum, até porque os técnicos certamente irão estudar os Ravens de Lamar Jackson. Haverá momentos em que apenas um sólido passe do camisa #8 manterá o time no jogo.
Um novo dilema agora está instalado em Baltimore: quem deve ser o titular da equipe no restante da temporada, Jackson ou Flacco? E para 2019? Há quem dia que Flacco não voltará a ser o titular. Exagero? Talvez. Tudo dependerá de como Lamar Jackson irá evoluir em campo.
Ainda é cedo demais para tirar conclusões concretas da situação. Entretanto, uma coisa é certa: acreditar que o calouro pode ser o cara do Baltimore Ravens correndo como um running back é um erro que vários times já cometeram. E se arrependeram depois.