Há algum tempo, especificamente na metade da temporada, fiz um texto tratando a respeito das surpresas e decepções da NFL em 2017. Buccaneers, Dolphins, Panthers, Raiders, Falcons e, principalmente, Giants foram os times presentes na lista. Sobre o New York Giants, precisamos falar um pouco mais sobre o mau momento da equipe.
É quase inacreditável o fato de New York ter, neste momento, a 2ª escolha geral do Draft 2018, em consequência da campanha 1-8 da franquia neste momento. Isso porque os Giants entraram nesta temporada, em tese, com o melhor ataque que Eli Manning teve ao seu redor em mais de uma década na liga e uma das defesas mais talentosas do campeonato, em todos os níveis basicamente.
Entretanto, nada se encaixou para o New York Giants. Incertezas da offseason continuaram sem respostas, muitas lesões assombraram o time e o treinador perdeu o vestiário; em pouco mais de dois meses de temporada regular, os Giants foram de favorito na NFC Leste (e porquê não um dos reais candidatos na Conferência Nacional) a um dos piores times e com o vestiário mais hostil da National Football League.
E um dos estopins de tudo isso (para mim, algo em tese parecido com o assassinato de Francisco Ferdinando que culminou na Primeira Guerra Mundial) foi a derrota para o San Francisco 49ers: os Niners eram um dos dois times da NFL que não tinham vencido na temporada e foram capazes de derrubar os Giants com relativa facilidade, 31-21. Drasticamente, precisamos falar do New York Giants agora.
As lesões
Não tenho dúvidas que as lesões acabaram sendo talvez o grande fator para que as performances ruins dos Giants começassem a acontecer. Afinal, um ataque que tinha uma combinação ideal de super estrela (Odell Beckham Jr.), experiência e segurança (Brandon Marhsall) e dinamicidade no slot (Sterling Shepard), viu-se apenas com Shepard no primeiro quarto da temporada – a situação novaiorquina só não está ainda pior porque o calouro Evan Engram vem jogando bem. Além disso, é preciso ressaltar que Beckham Jr. é o MVP deste ataque.
Esse trio, liderado por Eli Manning, era a esperança dos torcedores do New York Giants de ver seu ataque prosperar sem um jogo terrestre realmente efetivo. A ideia da franquia era que tanto talento no grupo de recebedores, abrisse espaço nas defesas adversárias, fazendo com que os Giants aliviassem o trabalho de seus running backs. Entretanto, as baixas no grupo de recebedores impediram que isso acontecesse.
Assim sendo, Manning teve que exigir mais de seu backfield, esse ainda não teve um corredor com mais de 100 tentativas – Orleans Darkwa, Wayne Gallman e Paul Perkins não são nenhum RB dos sonhos, de fato –, e nada funcionou (New York tem o 25º pior jogo terrestre da NFL em 2017, correndo em média 89,8 jardas por partida). Lembre-se ainda que a linha ofensiva novaiorquina é bastante vulnerável e contribuiu para que tudo isso desse errado, como mostrado mais no item abaixo.
Os maiores problemas da offseason se agravaram
Todas as franquias da NFL chegaram para a temporada 2017 com incertezas em seus elencos, isso é inevitável. E uma campanha de sucesso passa pela capacidade dessas equipes de encontrarem respostas para esses pontos incertos. Como adiantei na intertemporada, o ataque terrestre e a linha ofensiva como um todo, eram pontos questionáveis do New York Giants neste ano.
Como adiantado, New York é o segundo time que menos teve tentativas de corrida no campeonato (com 198 corridas no ano; é uma das duas equipes que não totaliza 200 tentativas no ano), e isso ocorre porque tanto a linha ofensiva não é confiável, quanto pois os running backs em si são bastante limitados. O grupo de recebedores do New York Giants tem talento para figurar num grande ataque da National Football League, porém um grande ataque de futebol americano nunca será protagonizado por ele – era assim em 2016, e continuou assim agora (se é que não tenha piorado).
No caso da linha de bloqueadores, em específico, falta talento puro. Teoricamente falando, Ereck Flowers, o qual atua na posição mais importante da linha, era para ser o melhor nome do grupo. Porém, após duas temporadas na liga, podemos dizer que Flowers já é um bust.
Ademais, uma estatística do Pro Football Focus ilustra a pífia relação linha ofensiva-jogo corrido do New York Giants: a franquia usa seus running backs majoritariamente em jogadas de inside zone, e New York tem média inferior à uma jarda antes de sofrer o primeiro contato em corridas de inside zone.
O fator Ben McAdoo
Confesso ter ficado surpreso com a permanência de Ben McAdoo no cargo de head coach do New York Giants após péssima atuação contra o San Francisco 49ers. Antes do último domingo (12), vieram à tona notícias afirmando que McAdoo tinha perdido o controle do vestiário e quando isso acontece em qualquer esporte, é basicamente uma situação irreversível. E analisando os últimos jogos dos Giants, a impressão é que dos dois lado da bola, o time está desorganizado, sem gana de vitória e, de uma maneira geral, desunido.
Sem contar o fato que McAdoo é especialista em ataques, por já ter sido técnico de quarterbacks em Green Bay e coordenador ofensivo em New York, e os Giants terem uma média de 16,8 pontos por confronto em 2017, sendo que em 2016 (o primeiro de Ben no comando do elenco) essa média não foi muito superior, de 19,4.
De fato, a culpa do New York Giants estar assim não é de unicamente de Ben McAdoo. Contudo, ele certamente não é o nome ideal para a franquia neste momento – e os números deixam isso claro. McAdoo precisa ser demitido!
Para 2018…
Por que não um quarterback?
Se existe algo bom para esta campanha 1-8 do New York Giants após 10 semanas é que o time deverá ter uma das primeiras escolhas do Draft 2018, em uma classe que promete bastante. Primeiramente, o próximo Draft aparenta ser o melhor em termos de quarterbacks dos últimos anos, com pelo menos três nomes sendo escolhas certas de 1ª rodada em Sam Darnold, Josh Allen e Josh Rosen – e acho que os Giants deveriam focar nesta posição.
Verdade seja dita, apesar de não estar em um dos melhores anos de sua carreira, Eli Manning (2.093 jardas, 14 TDs e 6 INTs em 2017) não vem sendo um problema no sistema ofensivo dos Giants, pelo contrário. Manning tem feito boas atuações e podemos dizer que em nenhum dos outros três níveis do seu ataque (linha ofensiva, grupo de recebedores e backfield) ele tem algo de alto nível. Entretanto, se olharmos para o restante do elenco de New York como um todo, podemos ver um grupo competitivo a curto e longo prazo: OBJ, Shepard, Engram, Landon Collins, Eli Apple, Jason Pierre-Paul, Olivier Vernon, e vários outros nomes, não chegaram aos 30 anos de idade e portanto podem ter alguns anos em alto nível ainda. Mas eles precisarão de um quarterback de elite under center.
Ao que tudo indica, Eli deve atuar pelo menos por mais uma temporada (2018), porém é preciso reconhecer que ele já tem 34 anos e não deve permanecer na liga em alto nível por tanto tempo. Assim sendo, por que não aproveitar uma classe refinada em termos de QB com um elenco talentoso e promissor para recrutar um novo líder para New York? Aparentemente, esse teria o tempo necessário para aprender com um jogador que tem dois Super Bowls conquistados no currículo.
Outras opções
Se o New York Giants optar por não selecionar um quarterback, a franquia ainda assim terá um amplo leque de bons prospectos em mãos – e ela não está errada de pensar alto no Draft 2018. Contudo, para as demais posições, é preciso esperar um pouco mais para tirarmos conclusões, uma vez que ainda não sabemos qual seria o foco ideal para os Giants (apesar da linha ofensiva parecer estar gritando por um exímio talento) e nem como será o esquema ofensivo e defensivo do time na próxima temporada.
A realidade é que o New York Giants talvez tenha que começar um pequeno processo de reformulação inesperado, uma vez que a equipe esperava estar falando sobre pós-temporada em novembro, não em 1ª escolha geral. Mas essa é a NFL. Os Giants já não têm grandes ambições nesta temporada 2017 e, por isso, a hora de pensar em montar um elenco competitivo e talentoso para o futuro chegou, sem esquecer, é claro, de apagar os erros do passado e especialmente do presente existentes por lá.
O que o New York Giants deve fazer no Draft 2018? Deixe sua opinião nos comentários ou nas redes sociais!
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