Quem acompanha o Shotgun regularmente já deve ter percebido: o Arizona Cardinals não está entre os meus times preferidos para a temporada 2018 da NFL. Historicamente falando, vale ressaltar, os Cardinals entram na lista dos times dos quais eu mais gosto; entretanto, para este ano, tenho muitas incertezas quanto ao grupo. Houveram drásticas mudanças na posição de quarterback, o melhor jogador do time perdeu basicamente toda a temporada passada, um dos líderes do sistema defensivo se foi, assim como o head coach… No fim das contas, uma série de fatores levanta algumas incômodas dúvidas para o desempenho de Arizona em 2018.
Por outro lado, é preciso lembrar que todas as vezes que mudanças acontecem no esporte, algo melhor pode acontecer, em especial para uma equipe que não foi tão ruim quanto possa parecer no ano passado. Em outras palavras, não se pode deixar de lado o fato que Arizona, ao mesmo tempo que perdeu nomes relevantes para o grupo num passado recente, tentou encontrar outros que podem dar conta do recado como substituto de tais jogadores – e quem sabe até projetar o futuro da franquia. Três novos quarterbacks estão por lá, a grande esperança do elenco está de volta, um novo comandante assumiu o barco, entre outras mudanças.
Desta maneira, destaco: ainda tenho receio quanto ao Arizona Cardinals para a temporada 2018 da NFL, principalmente porque não gosto de Sam Bradford como quarterback e a NFC Oeste deverá ser uma das divisões mais competitivas da liga neste ano. Entretanto, seria precipitado (e até mesmo equivocado) da minha parte cravar que os Cardinals não têm chances algumas neste campeonato. Vamos a melhores explicações!
Por que as incertezas para com os Cardinals surgiram?
Primeiramente, porque Sam Bradford aparentemente será o quarterback titular do time nesta temporada, uma vez que Carson Palmer anunciou aposentaria. De fato, os números de Bradford quando saudável não são tão ruins assim, porém, além do fato de ele sofrer constantemente com lesões (disputou somente 38 dos últimos 80 jogos possíveis), não vejo Bradford como um QB realmente competitivo no futebol americano profissional.
Em segundo lugar, é preciso levar em conta o trabalho feito por Bruce Arians, o qual, por mais que não tenha alcançado uma campanha vitoriosa desde 2015, foi um dos melhores da NFL nos últimos anos. Desde 2014, Arizona totaliza 39 vitórias, 24 derrotas e um empate, tendo conquistado o título de divisão uma vez e chegado aos playoffs em duas ocasiões. No futebol americano, troca de head coaches são sempre uma incógnita, especialmente quando o nome under center é incerto. Portanto, deve-se ter cautela com o começo de trabalho de Steve Wilks.
Por fim, saiba que estou curioso para ver como David Johnson, um dos melhores running backs da atualidade, irá retornar de lesão; como o sistema defensivo do time se sairá com a saída de Tyrann Mathieu (eu sei que ele não vivia seus melhores dias na franquia e Budda Baker deve crescer ainda mais como segundo anista, todavia, Mathieu ainda está entre os melhores de sua posição na atualidade); como estará a linha ofensiva da equipe; e quem será o outro alvo principal dos Cardinals, ao lado de Larry Fitzgerald.
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Como Arizona substituiu tudo isso
Em busca de encontrar um sucessor para Palmer (não se esqueça o quanto o camisa #3 jogou há duas temporadas), chegaram Bradford, Mike Glennon e Josh Rosen, os dois últimos ex-Bears e escolha de primeira rodada deste ano, respectivamente.
Ademais, como adiantado, o novo treinador principal do Arizona Cardinals será Steve Wilks, que atuou como assistente técnico e coordenador defensivo do Carolina Panthers no ano passado. Wilks já teve excelentes trabalhos na carreira, como o de técnico de defensive backs dos Bears entre 2006-2008 e dos Panthers entre 2015-2016, por exemplo. Contudo, por mais que a ideologia defensiva prevaleça em seu estilo nas sidelines, é um treinador ainda “desconhecido”. Falando sobre defesa, para o lugar de Mathieu, a principal aposta deverá ser Budda Baker, escolha de segunda rodada de Arizona no Draft 2017. Baker se destacou e até foi ao Pro Bowl no ano passado pelo desempenho no time de especialistas e, com um ano a mais de experiência, acredita-se que ele dê conta do recado como titular da secundária. Talento para isso ele tem.
No que tange os bloqueadores dos Cardinals, os quais em geral estiveram entre os piores da NFL na temporada passada, o time acredita que a recuperação pós-lesão de nomes importantes, como D. J. Humphries, combinada à chegada de Justin Pugh e Andre Smith, deixe o setor mais sólido. Finalmente, o grupo de recebedores: estou falando de um conjunto que, com a exceção de Fitzgerald, não viu nenhum jogador com mais de 33 passes recebidos em 2017. Para corrigir esse problema, então, o Arizona Cardinals aposta diretamente nos jovens wide receivers do time, sendo Chad Williams (98ª escolha geral do Draft 2017) e Christian Kirk (novato de segunda rodada deste ano) os principais nomes.
O Arizona Cardinals pode dar certo se…
Nesta offseason, muitas vezes, quem analisa futebol americano (e me inclua nessa lista) tratam do Arizona Cardinals nesta temporada como um time que venceu dois jogos em 2017, porém, a franquia esteve longe de protagonizar uma campanha essencialmente pífia. Em 2018, os Cardinals venceram oito das 16 partidas que disputaram, e fizeram isso atuando sem Palmer e Johnson – duas das grandes referências ofensivas do elenco – pela maior parte do campeonato, além de múltiplas lesões relevantes.
Como antecipado, não confio em Sam Bradford. Reconheço que ele possa dar certa competitividade ao elenco do Arizona Cardinals, mas em momento algum vejo ele sendo o futuro da franquia; muito pelo contrário. Portanto, muito além do fator Bradford, vejo os Cardinals com chances de prosperarem sob o comando de Rosen. Sim, eu sei que ele não deverá ser o titular no começo do campeonato, porém, após algumas semanas, com o talento já demonstrado pelo calouro enquanto no college football, por que não colocá-lo em campo? Lembrando que o passado de Sam Bradford pode apontar para isso: a última vez que o veterano QB atuou por uma temporada completa foi em 2012.
Bradford, Rosen ou até mesmo Glennon, não importa, o Arizona Cardinals dependerá de boas atuações de David Johnson se quiser ser realmente competitivo neste ano. Foi ruim não ver Johnson em campo em 2017, mas não deixe que esse tempo sem o camisa #31 apague o que ele fez no último campeonato em que esteve saudável (2016), totalizando 2.118 jardas de scrimmage e 20 touchdowns. O fator David Johnson será importante também para que a reforçada linha ofensiva da fraquia evolua.
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Paralelamente ao backfield, saiba que quem estiver under center em Glendale precisará de melhores alvos ao redor. Fitzgerald ainda é um dos mais confiáveis da NFL, porém é preciso um outro nome para fazer o papel de wide receiver nº2 do time – os olhares se voltam para Kirk e Williams neste momento. Se pelo menos um deles conseguir ser um exímio companheiro titular a Fitz, estaremos falando de um time com quatro wide receivers interessantes, pois já estou incluindo J. J. Nelson nessa lista. Entenda que o maior problema do Arizona Cardinals é encontrar uma dupla realmente sólida de WRs (e incluir os tight ends no plano de jogo), não a profundidade do grupo de recebedores.
Do outro lado da bola, o ideal para os Cardinals é que Chandler Jones continue pressionando os quarterbacks – poucos pass rushers têm jogado melhor que ele. Além disso, Patrick Peterson precisa executar big plays e ser o líder de sempre para o setor. Isso acontecendo nesses dois níveis da defesa, os questionamentos e pressão sobre o veterano Antoine Bethea e jovem Budda Baker irão diminuir – e isso é tudo que esses dois jogadores precisam nesses distintos momentos de suas carreiras.
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Não estou mudando de opinião e dizendo que o Arizona Cardinals está em um cenário favorável para a temporada 2018 da NFL. Pelo contrário, as várias incertezas do elenco mostram que muitas coisas precisam ser analisadas neste ano. A linha ofensiva vai mesmo evoluir? O grupo de linebackers da franquia será sólido por mais um ano? E a secundária? Entretanto, seria injusto descartar esse grupo depois de uma temporada 2017 de “superação” em meio à tantas adversidades e com os talentos individuais que o elenco ainda tem no plantel. Como mostrado, o cenário ainda não é favorável pois existem muitos “se”. Entretanto, a verdade é que se todos eles se concretizarem, você não deveria ficar surpreso – e nem dizer que não foi avisado antes.
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