Toda temporada da NFL acaba deixando lições para seus executivos, times, jogadores, organizadores e, é claro, torcedores.
Ano após ano vemos conclusões sendo tiradas assim que um campeonato da National Football League se encerra. Não importa se essas são grandes – algo atrelado ao New England Patriots, por exemplo – ou pequenas – como uma nova formação surgindo.
Em 2016, nada disso foi diferente, pelo contrário. Este ano foi um estranho para a NFL. Os índices televisivos caíram consideravelmente na primeira metade da temporada, houveram protestos, as lesões atrapalharam mais que o normal… Dentro de campo, ainda mais surpresas: basta dizer que uma equipe que terminou 4-12 na temporada passada e começou o ano com um quarterback calouro teve uma das melhores campanha o ano. Além disso, vimos a quebra de um jejum de playoffs que durava desde 2002.
Cheia de emoções, surpresas e grandes lances, a temporada 2016 da NFL nos mostrou que…
Linhas ofensivas merecem mais consideração, principalmente nos Drafts
Frequentemente ouvimos dizer que a batalha nas trincheiras é o que muitas vezes define as partidas de futebol americano, e talvez a maneira mais fácil de vencer essa disputa é tendo uma linha ofensiva de alto nível. Mas quantas vezes você entra em uma loja de esportes à procura de uma camisa de futebol americano e deseja a de um offensive lineman? Por exemplo, os torcedores dos Cowboys vão à loja do time procurar pelos mantos de Ezekiel Elliott ou Dak Prescott, e não de Tyron Smith, na maioria das vezes. Contudo, olhando uma tendência da temporada 2016, isso não deveria acontecer.
As duas melhores linhas ofensivas desta temporada foram a do Dallas Cowboys e Oakland Raiders. Não coincidentemente, os Cowboys têm três escolhas de primeira rodada em sua linha e os Raiders foram o time que mais gastaram dinheiro com bloqueadores na offseason.
E não para por aí: escolha de primeira rodada do último Draft, Jack Conklin foi um dos pilares da boa temporada de Marcus Mariota. E que tal os Lions, que mesmo sem Calvin Johnson deram vida nova a Matthew Stafford – isso não seria possível se não fosse por Laken Tomlinson, Riley Reiff e Taylor Decker (todos eles vieram em altas rodadas). Os Falcons não tinham uma linha ofensiva consistente até buscarem o bom Alex Mack na free agency. E por aí vai.
Por outro lado, vimos o que lesões na linha ofensiva fizeram com Vikings, Cardinals e Bengals, times que eram um dos melhores da liga neste quesito em 2015 mas decepcionaram neste ano.
Seja no Draft, free agency ou em trocas, buscar um offensive lineman de qualidade parece ser sempre uma boa ideia.
Não devemos tirar maiores conclusões em setembro
Dak Prescott brilhando, Raiders em alta, Falcons esquentando… Bem, alguns fatos começaram a se concretizar desde as primeiras semanas da temporada. Contudo, isso não pôde ser visto em todos os casos, já que alguns fatores mudaram drasticamente (!) desde se comparados entre as semanas 1 e 17.
Você provavelmente não irá se lembrar, mas vale ressaltar como estava a NFL em setembro, o primeiro mês de temporada regular!
- O Los Angeles Rams venceu três dos quatro jogos que disputou, totalizando campanha 6-2 se levado em conta as quatro últimas semanas de 2015. Atualmente, a franquia não sabe o que é vencer desde o dia 2 de outubro;
- E que tal o Minnesota Vikings, que começou a temporada vencendo os cinco primeiros jogos do ano sob o comando de Sam Bradford? Depois disso, Bradford não conseguiu mais jogar bem, a linha ofensiva se tornou um desastre e Adrian Peterson sofreu uma grave lesão;
- Carson Wentz começou sua carreira na NFL com campanha 3-0, tendo vencido seus oponentes por um placar combinado de 92-27 e lançado cinco touchdowns e nenhuma interceptação nesses confrontos. Desde então, foram oito TDs e 13 interceptações, o que culminou em uma nova temporada nada competitiva dos Eagles;
- Por fim, vale lembrar como Ezekiel Elliott começou sua carreira na NFL. Em agosto, ele foi criticado por estar em uma loja de maconha em Seattle (onde a maconha é legalizada). Pouco tempo depois, estreou na liga contra o New York Giants, quando teve apenas 51 jardas e 21 tentativas. Na semana 2, sofreu dois fumbles contra os Redskins. Contudo, diante dos Bears na terceira rodada, conquistou 140 jardas terrestres e o restante da história todos nós já sabemos.
O futuro do Dallas Cowboys não deverá ter Tony Romo
A pré-temporada do Dallas Cowboys foi uma das mais incertas de 2016. A franquia, que só tinha certeza com sua linha ofensiva, não sabia quem seria seu quarterback (uma vez que Tony Romo se lesionou), se a posição de running back estaria bem representada (Ezekiel Elliott é calouro) e se Dez Bryant conseguiria se manter saudável.
Contudo, a temporada regular começou e a campanha dos sonhos para os torcedores de Dallas veio à tona: Dak Prescott (calouro de 4ª rodada) foi simplesmente fenomenal e atuou como se estivesse na liga há uma década. De fato, ele foi auxiliado pelo ano fantástico de Elliott e pela ótima linha ofensiva dos Cowboys. Contudo, o que importa para os fãs do America’s Team – e na NFL é assim que as coisas funcionam –, são os resultados. Com Prescott, o Dallas Cowboys venceu 13 partidas, algo que não fazia desde 2007. Além disso, garantiu a melhor campanha da Conferência Nacional e vai em busca de chegar a mais um Super Bowl, fato que não acontece desde 1995.
Assim sendo, com o surgimento de Prescott e o alto valor contratual de Tony Romo para 2017 (ele custará quase US$ 25 milhões ao time) o casamento Romo-Cowboys pode ter chegado ao fim. O camisa #9 ainda pode ser titular (algo que não deve acontecer se Dak Prescott estiver saudável) e impactaria um valor absurdo para um backup se estiver no elenco. Romo merece ser feliz em outro destino e os Cowboys merecem voltar aos seus dias de glória. Uma pena que essa união não tenha dado tão certo.
Insistir no erro não é a melhor opção, exceto em ocasiões especiais
Já não é hora do Jacksonville Jaguars demitir Dave Caldwell? O general manager da franquia vem colecionando decisões erradas e na temporada 2016 isso ficou evidente mais uma vez.
Os Jaguars decideiram manter Gus Bradley para este ano; ele acabou demitido após a equipe conhecer sua 12ª derrota da temporada. Seu Draft de 2013 foi marcado pela inconstância de Luke Joeckel. O de 2014 já não conta mais com nenhum jogador no elenco. E o de 2015 não parece ser tão diferente, e o pífio rendimento de Dante Fowler comprova isso.
Blake Bortles era para ter evoluído consideravelmente nesta temporada mas nada foi feito. Allen Hurns, o qual recebeu um ótimo contrato de Caldwell, pouco apareceu em 2016. Julius Thomas, um dos melhores tight ends da NFL algum dia em Denver, é apenas mais um agora. E que tal os US$ 74,4 milhões garantidos gastos na offseason? Hipoteticamente falando, cada vitória de Jacksonville custou 24,8 milhões de dólares, maior valor da liga.
“Ah, mas o Oakland Raiders insistiu em Reggie McKenzie e deu certo!” Toda regra tem sua exceção. Além disso, por pior que tenha sido os primeiros anos de McKenzie em Oakland – com péssimas escolhas de técnico, contratações, etc. – em alguns aspectos se via que algo nos Raiders realmente poderia dar certo. Algo que neste Jacksonville Jaguars não aparece de forma alguma.
Insistir no erro quase nunca é a melhor opção, salvo em ocasiões especiais. Este Oakland Raiders se mostrou especial em 2016.
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O futuro é extremamente incerto para Rex Ryan e Jeff Fisher
Houve um tempo em que Jeff Fisher esteve no topo da NFL entre os treinadores. Ele foi capaz de levar os Titans a um Super Bowl (1999) e fez com que Tennessee, em 2008, desbancasse Peyton Manning e os Colts e vencesse a AFC Sul após seis anos.
Alguns anos depois, a liga viu outro bom nome surgir em Rex Ryan, que deixou o cargo de coordenador defensivo dos Ravens para se tornar treinador principal do New York Jets, por onde disputou duas finais de conferência consecutiva mesmo tendo Mark Sanchez – em seus primeiros anos na NFL – como quarterback.
Contudo, mais tempo se passou e 2016 nos mostrou que o futuro para esses dois competentes head coaches é incerto. Os Rams, com mais um ano pífio, dispensaram Jeff Fisher. Os Bills, após terem ficado mais uma temporada fora dos playoffs, também decidiram demitir Rex Ryan. Agora ambos estão desempregados e as incertezas sobre seus trabalhor está ainda maior. Juntos, em 2016, Fisher e Ryan combinaram para uma campanha de 11-17. Dá pra confiar ainda?
John Elway acertou em ter liberado Brock Osweiler na offseason
De fato, o Denver Broncos sofreu com a posição de quarterback nesta temporada (eu falei mais sobre isso alguns itens abaixo). Nem Trevor Siemian, nem Paxton Lynch (quando foi acionado), deram conta do recado e, ao que tudo indica, terão concorrência na função para a próxima temporada.
Essa escassez de quarterback se deu devido à aposentadoria de Peyton Manning e saída de Brock Osweiler, que acabou assinando com o Houston Texans na última offseason, em uma das trocas mais faladas do ano. Justamente sobre ela, pudemos ver em 2016 que John Elway – mais uma vez – acertou em não ter pagado “um caminhão de dinheiro” por Osweiler.
De acordo com alguns repórteres, Elway garantiu ao camisa #17 US$ 30 milhões de dólares. Os Texans, precisando desesperadamente de um nome para a posição, ofereceram US$ 38 milhões, valor que não fora igualado por John Elway – e com razão.
17 semanas e passaram e o que já havia sido analisado aconteceu; Brock Osweiler foi um fiasco em Houston, tendo totalizado 15 touchdowns e 16 interceptações. Resultado de tudo isso: os Texans permaneceram sem quarterback definido – ponto para John Elway. Tudo bem, os Broncos também. Mas Houston tem um contrato de quatro anos valendo 72 milhões de dólares para lidar e Denver deverá ir atrás de alguém bem mais barato na inter-temporada. Mais um para Elway!
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Há muito tempo não víamos uma classe de Draft ser tão efetiva, ofensivamente falando
A classe do Draft de 2016 foi uma das mais discutidas dos últimos anos, por ter envolvido jogadores incertos, grandes talentos, bons nomes de linha ofensiva, entre outros fatores. Com a temporada concluída, enquanto podem haver alguns questionamentos quanto aos novatos defensores, o mesmo não pode ser dito para os jogadores de ataque.
Ezekiel Elliott, Dak Prescott, Tyreek Hill, Jack Conklin e Michael Thomas, esses são alguns dos nomes que compõe uma das classes mais produtivas em termos de ataque dos últimos anos. E olha que nomes como Jordan Howard, Taylor Decker e até mesmo Carson Wentz não foram colocados aqui.
Elliott e Prescott lideraram o Dallas Cowboys à melhor campanha da Conferência Nacional. Tyreek Hill foi o líder de touchdowns do Kansas City Chiefs em 2016. Jack Conklin, juntamente com Taylor Lewan, forma possivelmente a melhor dupla de tackles da atualidade. Michael Thomas podemos dizer que foi o principal alvo do New Orleans Saints quando esteve saudável (a partir da semana 12), período em que teve média de 91 jardas por partida. Tudo isso, ressaltando mais uma vez, estando eles apenas em seus primeiros anos.
Defesas ganham campeonatos, mas para chegar até a final é preciso bem mais que isso
Estamos cansados de saber a importância que as defesas têm nas conquistas de Super Bowl. Afinal, como gostamos de dizer, elas ganham campeonatos, enquanto os ataques vencem jogos. Todavia – e não descartando que essa tendência possa acontecer nos playoffs desta temporada, 2016 nos deixou claro que em momento algum o ataque pode ser “menosprezado”. Esses jogos vencidos pelo sistema ofensivo são os responsáveis justamente por colocarem as defesas em posições de se consagrarem.
Veja só o que aconteceu com o Denver Broncos neste ano. A defesa dos Broncos talvez seja a melhor da atualidade e, com exceção do jogo corrido, esteve no topo da NFL em todos os quesitos novamente. Contudo, Denver não foi capaz de chegar à pós-temporada, uma vez que Trevor Siemian não jogou bem, tendo mantido o sistema ofensivo de Denver apenas como o 27º geral da liga.
Esse mesmo processo pode ser visto no Houston Texans. O ataque da franquia é o 29º da NFL em 2016, enquanto a defesa é a melhor em jardas permitidas e uma das melhores em pontos cedidos por partida. Resultado disso: a equipe chegou aos playoffs (isso só aconteceu pelo baixo nível da AFC Sul, mas tudo bem), porém em momento algum convenceu seus torcedores e será considerado uma surpresa caso acabe vencendo mais de uma partida no mata-mata.
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Não podemos esquecer ainda de citar o Los Angeles Rams. Dono do pior ataque desta temporada, os Rams, que têm uma defesa Top 10 da liga, amargaram apenas quatro triunfos no ano.
Tanto a defesa dos Broncos quanto a dos Texans e Rams, aparentemente, têm nível para brilharem, mesmo que isso seja em janeiro. Contudo, prosperar na NFL requer bem mais que isso. Em 2016, uma excelente maneira de conter algumas das melhores defesas da NFL foi parando seus ataques – e olha que isso nem foi tão complicado em alguns casos.
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