Desde que uma simples e ainda incerta liga de futebol americano começou a surgir nos Estados Unidos da América, essa precisa enfrentar questões fora das quatro linhas e, em muitos desses casos, saiba que esses pontos são delicados: qual emissora de TV (ou estação de rádio no passado) transmite o jogo, quanto as franquias podem gastar em salários anualmente, garantir os árbitros em alto nível durante as partidas, criar um espetáculo acerca dos jogos de futebol americano e, mais recentemente, debater o que é uma recepção de fato e a postura dos atletas durante a execução do Hino Nacional dos EUA. Para representar essa liga, então, era preciso uma figura superior aos proprietários das equipes, por uma questão ética, é claro. Assim sendo, definiu-se que a NFL teria um presidente, o qual posteriormente ganhou status de comissário (o atual é Roger Goodell).
Antes de seguir adiante, saiba que a diferença de presidente para comissário, neste caso, é basicamente simbólica. Acredita-se que no começo da década de 1940 ao invés de um presidente (o qual soa, e de fato representa, alguém com mais autoridade sobre algo) a liga decidiu que teria um comissário – essa ideia teve como base o beisebol que na época já contava com um desse. Entenda comissário, nesta conjuntura, como o membro máximo de uma comissão, o qual ganha o direito e autoridade para fazer/representar/tomar decisões para com uma instituição.
Como um comissário é eleito na NFL?
Como o comissário da NFL representa as franquias que fazem parte da liga, nada mais justo que os proprietários das equipes serem os responsáveis por eleger quem será o comissário – e é exatamente isso que acontece, através de uma votação. Além disso, assim como os jogadores ficam sujeitos a um contrato pelo time em que atua, o comissário da NFL tem um contrato em vigor com a liga (a qual é constituída pelos donos das franquias). Portanto, Roger Goodell tem um contrato com valor e duração definidos, o qual pode ser renovado caso as duas partes (proprietários e Roger Goodell) tenham o interesse. Aliás, o atual contrato de Goodell foi renovado em dezembro de 2017 e tem duração até o fim da temporada 2023.
Roger está no “comando” da National Football League desde 2006, sendo ele o sucessor de Paul Tagliabue. Mas não pense que Goodell caiu de paraquedas ao cargo de representante da liga. Quando Tagliabue era o comissário (1989-2006), Goodell atuava como um de seus assistentes e, mais tarde, até conseguiu se tornar o vice-presidente executivo da NFL. Com isso em mente, você pode estar se perguntando quem será a cara da liga quando Roger Goodell não estiver mais por lá. Primeiramente, saiba que não necessariamente Goodell deixará o cargo em 2024; ainda existe a possibilidade de uma outra renovação, a qual, de acordo com Ian Rapoport (NFL.com), não deve acontecer. Quanto ao sucessor de Roger Goodell: não existem reais candidatos – e muito menos favoritos – a este ponto.
Como ele perde o cargo?
Existem várias maneiras do comissário da NFL perder seu cargo. De acordo com as normas, as duas mais comuns são: aposentadoria, uma vez que o trabalho pode ser desgastante demais por um longo período de duração, e término do contrato, o qual acabaria por não ser renovado e abriria a oportunidade para uma nova votação por parte dos proprietários. Em raros casos, devido à intensa pressão por parte tanto dos fãs quanto dos donos, pode acontecer a renúncia do comissário, sendo o sucessor temporário nesse caso escolhido pelos proprietários até que haja uma nova votação.
Na história da NFL já houveram quatro presidentes e seis comissários; esses são eles, seguidos pela que culminou em sua saída da liga:
Presidentes
– Ralph Ray (secretário temporário, 1920): Ray foi um “tapa-buracos” no comando da NFL, o qual deveria definir quem seria o primeiro presidente da liga;
– Jim Thorpe (1920): foi o primeiro presidente da NFL, porém não teve o comprometimento esperado, algo inaceitável, em especial pelo momento de incertezas que a liga atravessava. No fim das contas Thorpe não queria mais o cargo, mesma vontade dos proprietários da época;
– Joseph Carr (1921-1939): Carr morreu em 1939, quando era o presidente;
– Carl Storck (1939-1941): renunciou o cargo em 1941 alegando “para melhores interesses do jogo”.
Comissários
– Elmer Layden (1941-1946): primeiro comissário eleito pela NFL. Layden também renunciou a função em janeiro de 1946;
– Bert Bell (1946-1959): Bell também foi um dos comissários que faleceu enquanto representava a NFL;
– Austin Gunsel (1959-1960): foi o comissário/presidente da liga que sucedeu Bert Bell, uma vez que Gunsel não havia sido eleito para a atividade;
– Pete Rozelle (1960-1989): com a morte de Bell em 1959, após um ano do “comissário interino” Gunsel, Rozelle foi o mais votado pelos comissários. Após quase três décadas na NFL, decidiu se aposentar do cargo;
– Paul Tagliabue (1989-2006): o contrato de Tagliabue terminou em 2006;
– Roger Goodell (2006-presente): (…)
Você sabia que Goodell recebe em média US$ 40 milhões por ano?
O salário de Roger Goodell é um dos pontos mais questionados pelos fãs de futebol americano, visto que esses consideram que o comissário não faz jus ao que recebe. Como citado anteriormente no texto, Goodell renovou seu contrato no ano passado por US$ 200 milhões (total) e cinco temporadas completas, o que dá a ele uma média anual de US$ 40 milhões.
Primeiramente, saiba que Roger Goodell já fez várias coisas boas à NFL. Ele conseguiu elevar o patamar de espetáculo nos jogos de futebol americano (principalmente o Super Bowl), expandiu a imagem da liga para outros países (retornando os jogos ao México, aumentando a quantidade dos jogos na Inglaterra), vem buscando inovar o Pro Bowl e tem conseguido contratos gigantescos pelo direito de transmissão dos jogos da National Football League (por várias mídias, aliás). Certamente que existem outros pontos positivos, mas esses talvez sejam os que mais merecem destaque neste momento.
Em contrapartida, são várias as críticas para com o atual comissário e, diga-se de passagem, Goodell talvez seja o representante da liga que mais enfrentou desafios ao longo da história. De fato, Rozelle viu a AFL como forte concorrente e o assassinato de John F. Kennedy durante sua atividade, e Tagliabue teve o ataque terrorista ao World Trade Center também; todos eles tiveram obstáculos enormes. Porém, em termos de quantidade, Roger Goodell talvez enfrente mais adversidades que eles: a polícia de substâncias ilegais e violência doméstica da liga, o spygate e deflategate dos Patriots, o bountygate dos Saints, a greve dos jogadores em 2011 e árbitros em 2012, as questões de segurança dos jogadores e agora os protestos no Hino Nacional.
A combinação de todos esses fatores, juntamente à tomada de decisões incoerentes por parte de Roger Goodell, fazem a imagem do comissário não ser unanimidade na NFL.
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