Se você, leitor, acompanha o Shotgun regularmente sabe que eu, Caio Miari, tento abordar todos os principais assuntos em torno do futebol americano, tanto na NFL quanto no college football, das formas mais variadas possíveis. Análises, opinião, notícias, enfim, de alguma forma, o objetivo principal do Shotgun é aproximar do público brasileiro que acompanha o futebol americano dos principais assuntos do mundo da bola oval.
Entretanto, acertar tudo, principalmente no que tange questões opinativas, é algo utópico. Quem é melhor, quem vai mais longe, qual time vencerá, qual prospecto merece mais atenção, pautas desse sentido resultam em debates, os quais muitas vezes são caracterizados pela variedade de alternativas pertinentes como resposta. Assim sendo, retornando o quatro “Opinião”, decidi relembrar algumas situações discutíveis na NFL nas quais eu acabei tendo uma opinião que, pelo menos até agora, não se concretizou como pensada.
Você pode estar se perguntando o porquê de ter sido destacado as situações em que eu estava errado, e não as que acertei. Por exemplo, opinei sobre a linha defensiva dos Eagles antes do começo da temporada passada e como ela poderia ser importante. Além disso, falei do desequilíbrio entre ataque e defesa dos Steelers (e lembre-se como foi as duas últimas eliminações do time em playoffs) e que os Titans precisavam ter cuidado em setembro do ano passado. Contudo, apenas relembrar o que foi certeiro é menos interessante que recordar, explicar e entender, fatos que não estavam no meu planejamento, digamos assim.
Here we go!
“Jared Goff está mais preparado Carson Wentz”
Quando? Pré-Draft 2016.
Em meio às discussões sobre qual quarterback deveria ser o escolhido pelos Rams no Draft 2016 da NFL, se era Jared Goff ou Carson Wentz, deixei claro que gostava mais de Goff e que ele estava mais preparado para vencer a curto prazo que Wentz. Verdade seja dita, a maioria dos fãs de futebol americano pensaram assim. Todavia, com duas temporadas profissionais para cada um deles, vemos um Carson Wentz bem mais preparado como QB titular neste momento. De fato, Jared Goff só foi realmente titular pelos Rams em um campeonato, porém, vendo o comportamento e produtividade de ambos em campo até hoje, o atual jogador dos Eagles tem se saído melhor. Wentz aparenta ser o futuro da NFL na posição de quarterback.
“Shane Ray irá se tornar uma estrela”
Quando? Pré-Draft 2015.
Acompanho o college football regularmente e estava curioso para saber o destino de Shane Ray no Draft 2015, afinal, vendo esse pass rusher pela universidade de Missouri, criei grandes expectativas. Não sei exatamente o que me chamou a atenção em Ray, porém o instinto e habilidade demonstrada para chegar aos quarterbacks adversários impressionaram, ainda mais atuando no ótimo pass rush dos Broncos, ao lado de Von Miller, por exemplo.
No entanto, três temporadas se passaram e Shane Ray ainda não vingou como aguardado. Quando o camisa #56 está em campo, fica evidente que ele tem um talento acima da média, contudo, as lesões têm feito com que ele perca muitas partidas. Há três anos, logo após o Draft 2015, seria quase um absurdo dizer que os Broncos estariam recrutando um ótimo pass rusher no Draft 2018. Agora, com a chegada de Bradley Chubb, Ray pode perder ainda mais espaço.
“Nick Foles não conseguirá vencer o Super Bowl LII”
Quando? Dezembro 2017.
Quando Carson Wentz se lesionou na temporada passada, sendo o MVP do campeonato até aquele momento, passei a desacreditar no Philadelphia Eagles, afinal, a franquia perdera seu melhor jogador (e quarterback) do ano. Como Philly conseguiria derrotar as boas defesas e/ou ótimos QBs da NFC durante a pós-temporada? Além disso, essa desconfiança para com os Eagles com a saída de Wentz aumentou pelo fato de Nick Foles ser o substituto do camisa #11. Foles já teve bons momentos na NFL, porém era improvável que ele fosse conseguir brilhar novamente saindo do banco no mês de dezembro; pelo menos foi assim que pensei.
Na prática, o que vimos em campo foi um Nick Foles maduro, apoiado por um ótimo elenco e capaz de derrotar qualquer adversário que estivesse à sua frente. Durante os playoffs até o Super Bowl, os Eagles eliminaram Falcons, Vikings e Patriots, com Foles sendo o MVP da decisão. Só isso.
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“Ryan Tannehill fará os Dolphins realmente competitivos”
Quando? Várias vezes. A última em junho 2017.
Desde 2012, a expectativa sobre Ryan Tannehill é clara: o quarterback está encarregado de recolocar o Miami Dolphins entre os principais times da NFL. Num primeiro momento as coisas pareciam bem encaminhadas para a franquia, uma vez que os três primeiros anos profissionais de Tannehill foram marcados por gradativas evoluções, estatisticamente falando. Entretanto, em 2015, temporada em que os torcedores de Miami tinham grande expectativa, Ryan Tannehill não deu conta do recado e viu seus números piorarem, assim como a campanha da equipe, a qual venceu apenas seis partidas.
Depois disso, o Miami Dolphins não retornou aos trilhos e, consequentemente, esteve distante do grupo das franquias mais competitivas do futebol americano. Nesse período, ótimas atuações de Jay Ajayi até classificaram os Dolphins aos playoffs em 2016, porém, Tannehill estava lesionado e não participou da reta final da campanha. Aliás, o camisa #17 não disputou nenhum jogo da temporada passada devido à uma lesão; sua campanha na NFL é de 37-40.
“Jimmy Garoppolo não terá tanto sucesso como titular”
Quando? Março 2017 + outubro 2017.
Pode ser cedo demais para traçar o futuro de Jimmy Garoppolo na NFL, mas a verdade é que, admito, não esperava que o camisa #10 fosse ter tanto sucesso nas sete partidas em que foi titular até agora. Sim, são apenas sete jogos, entretanto, Garoppolo não sabe o que é ser derrotado neste período mesmo tendo enfrentado confrontos complicados. Desde 2016, além de 100% de aproveitamento, foram 2.062 jardas aéreas, 11 touchdowns e cinco interceptações.
2018 será determinante para Jimmy Garoppolo provar que pode, de fato, ser um titular realmente competitivo na NFL. De qualquer maneira, o sucesso inicial do ex-Patriots não era algo que estava no roteiro, pelo menos não no meu.
“Mark Sanchez retornará à final da AFC”
Quando? Junho de 2010, no antigo Shotgun.
As temporadas 2009 e 2010 da NFL ficaram marcadas, entre outros fatores, pela competitividade do New York Jets. Na época, a franquia conseguiu chegar à duas finais seguidas da Conferência Americana, e mais: fez isso com Mark Sanchez under center. Em 2009, os Jets tinham uma defesa excelente, a qual foi a principal razão para o sucesso do time. Todavia, um ano mais tarde, por mais que esse sistema defensivo ainda estivesse na elite do futebol americano, acabou tendo uma queda de rendimento, a qual, surpreendentemente, foi “compensada” dentro de campo por boas atuações de Sanchez, principalmente durante os playoffs.
Em 2009, o camisa #6 chegou à decisão da AFC após ter lançado 12 touchdowns e 20 interceptações durante a temporada regular. Em 2010, no entanto, esse números melhoraram para 17 e 13, respectivamente, sendo que no mês de janeiro foram 616 jardas, cinco TDs e apenas uma INT para o quarterback. Como eu deveria esperar que isso fosse acontecer?
“Trent Richardson será o novo Adrian Peterson”
Queria realmente saber se alguém imaginou que Trent Richardson não daria certo na NFL e porque pensou assim. Como iríamos imaginar que a terceira escolha geral do Draft 2012, que tanto brilhou com a camisa da Alabama, acabaria como um dos maiores bust de todos os tempos?
Parece que foi ontem que Richardson era avaliado como um prospecto certo, o melhor running back da classe e um dos melhores prospectos dos últimos tempos. Aliás, alguns especialistas o definiram como o melhor RB novato desde Adrian Peterson, o qual chegou à liga em 2007. Analistas ao redor do mundo pensaram assim, eu pensei assim e imagino que a maioria dos fãs também. Hoje, Trent Richardson é running back do Saskatchewan Roughriders, da CFL.
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“Não tenho certeza se os Cowboys acertaram ao escolher Ezekiel Elliott”
Quando? Maio 2016.
Não estava totalmente convencido quando o Dallas Cowboys recrutou Ezekiel Elliott na quarta escolha geral do Draft 2016. Por quê? Nem eu sei ao certo. Talvez pelo fato da posição de running back não ser a principal necessidade do elenco na época, ou pois prospectos mais certos ainda estavam disponíveis, como Jalen Ramsey, por exemplo. Não sei, o que me lembro bem é que questionei em partes a escolha de Jerry Jones, apesar de jamais ter duvidado do talento de Elliott.
Dois anos mais tarde, Elliott se prepara para a terceira temporada na NFL e estou certo de algo: recrutá-lo foi a melhor coisa que os Cowboys fizeram nos últimos anos. Não digo isso apenas pelo auxílio que o camisa #21 oferece a Dak Prescott, mas encontrar um “franchise running back”, capaz de decidir jogos a qualquer momento e atuar como o MVP do elenco, tem sido algo cada vez mais raro no futebol americano – e Dallas conseguiu, começando rapidamente uma era na equipe pós-Tony Romo.
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